Como se desenvolve o sistema de graduação da Bujinkan
O (a) praticante começa como: Mukkyū (sem Kyū ou 10º Kyū, faixa branca). Os graus de Kyū são as graduações anteriores a Faixa Preta, assim que obtém a primeira graduação (9º Kyū) passa a ser um Kyūsha até a Faixa Preta (1º Dan). Dessa forma, assim que passa na primeira avaliação se for do sexo masculino usará a Faixa Verde, se for do sexo feminino usará a Faixa Vermelha até chegar a Faixa Preta. Se for criança usará a Faixa Amarela até a Faixa Azul (1º Dan) independente do sexo. Embora este seja um padrão (cores de faixa), não significa que os Shibu (ramificações do Bujinkan Dojo) sejam obrigados a seguir esse padrão de cores, existem Shibu que usam diferentes padrões.
Cada graduação é representada por um distintivo e um conjunto de estrelas. A graduação de um Kyūsha ocorre de forma decrescente, por exemplo: 10º para 9º, 9º para 8º, assim por diante. A graduação de Yudansha (detentor de Dan) ocorre de forma crescente. O grau de 1º Dan confere a Faixa Preta. Se o aluno for Instrutor Assistente, também é considerado “Shidōshi Ho” (Instrutor Júnior/Assistente) pelo seu “Shidōshi” (Instrutor Pleno), somente um Shidōshi ou “Shihan” (Instrutor Sênior) pode conferir este título ao mesmo. Seu grau também é representado por um conjunto de estrelas.
O 5º Dan exige um teste especial. Para poder passar por este teste, pelo menos, um Shihan deve indicar o aluno apto para tal. Dessa forma, após passar na avaliação, o praticante é chamado de “Shidōshi” (Instrutor Pleno em japonês, mas na forma como é escrito pelo “Sōke” – Herdeiro de Tradição ou Líder de Tradição – possui significado distinto). Seu grau também é representado por um distintivo especial. Antigamente, este exame era executado somente pelo Sōke. Após os Taikai que ocorreram no início da década de 2000, detentores de 15º Dan (十五段, jugodan), receberam transmissão especial para executar o exame, viabilizando-o fora do Japão mesmo na ausência do Sōke. Acima do 5º Dan também se representa o grau um conjunto de estrelas.
A partir do 10º Dan o praticante é invariavelmente considerado Instrutor, mesmo que não ensine formalmente. Seu título é de Shihan, dois Shihan ou um dos Dai Shihan (Grande Instrutores Seniores) podem lhe conferir este título. Passa a ser chamado de “Shihan”. Seu grau também é representado por um distintivo especial e conjunto de estrelas. Este moderno sistema de graduação foi criado para o Budō Taijutsu pelo atual Sōke.
Cada graduação é representada por um distintivo e um conjunto de estrelas. A graduação de um Kyūsha ocorre de forma decrescente, por exemplo: 10º para 9º, 9º para 8º, assim por diante. A graduação de Yudansha (detentor de Dan) ocorre de forma crescente. O grau de 1º Dan confere a Faixa Preta.
Como ocorrem as avaliações?
Alguns pontos são importantes para entender o sistema de graduação. O sistema de faixas coloridas e graduações bem definidas não faz parte de sistemas de graduação de artes marciais clássicas japonesas. Ademais, os Shihan dizem que as graduações do Budō Taijutsu são focadas no potencial do praticante, mais do que no merecimento. São feitas para o coração. Para entender melhor essa visão, é importante voltar no tempo e considerar um pouco da história e cultura japonesa, a história das artes marciais clássicas (古流, Koryū), além da história do Sōke e a Bujinkan propriamente dita. Temos que voltar para períodos antes do período Meiji.
Em uma visão geral, nas artes marciais clássicas japonesas, as que viveram e sobreviveram a guerras, o sistema de ensino e graduação era bem diferente dos moldes atuais. Os diferentes estilos de luta e diferentes escolas possuíam sistemas próprios de graduação e ensino, embora em alguns pontos coincidissem durante a história. É um ponto complexo da história. Encontra-se, por exemplo, comumente o modelo de níveis: Shoden, Chuden e Okuden.
O discípulo era aceito/escolhido (depende do tipo de transmissão) pelo mestre, começava no seu treinamento, ao alcançar um grau específico em dada tradição, recebia sua licença, geralmente em forma de rolo ou carta escrita pelo mestre, quando atingia o grau de transmissão máximo recebia o Menkyo Kaiden, tornando-se mestre. Diz-se que este sistema se organizou no início de 1600 quando os estilos estavam inicialmente definidos, embora as transmissões de técnicas marciais ocorressem, pelo menos, desde o século XI. O tempo necessário para essa formação varia de época para época, mas era extremamente curto.
Em tempos de guerra, um samurai poderia ser formado até os 15 anos de idade (este número também pode ter resultado nos 15 Dan do Budō Taijutsu) e partia para a guerra. Não dá para esperar a vida toda para viver o que é necessário viver agora. Alguns praticantes se tornavam Sōke com essa idade também, pois o Sōke anterior partia para a guerra deixando um sucessor que não foi totalmente preparado para tal, mas tinha o potencial. Este número é importante também porque é o número de anos que Hatsumi Sensei treinou ativamente com Takamatsu Sensei tornando-se Sōke das nove tradições marciais que formam o Budō Taijutsu.
Em seguida, as Faixas Brancas que começaram a ser usadas para início e meio, e as Pretas para denotar fim, mas foi há pouco mais de 100 anos que o sistema de cores, Kyū e Dan começou a ser usado para graduação. Este sistema começou nos esportes de luta japoneses e sua primeira organização é atribuída ao criador do Judô. Este sistema deu origem ao que conhecemos no ocidente por sistema de graduação japonês devido a chegada do Karate e Judo, posteriormente, outras artes japonesas, mas nem sempre foi assim.
Dessa forma, em tempos antigos, a licença de transmissão e graduação do praticante estavam diretamente associadas a vida e o potencial do praticante, mas do que seu mérito técnico em si. Hoje, diz-se que a graduação se baseia no conceito “Sakizuke”, que pode ser escrito de diferentes formas e gerar diferentes significados, mas significa receber a graduação antes de merecê-la. O sucesso do praticante em uma avaliação significa que o instrutor ACREDITA no seu POTENCIAL de alcançar a graduação que recebeu e não que realmente a merece, ou seja, o praticante de Budō Taijutsu sempre recebe a graduação antes de merecê-la. Assim, é necessário praticar mais e mais as instruções do grau que recebeu, além das anteriores, no caminho para o mestrado. Este padrão vai até, pelo menos, o 15º Dan (十五段, jugodan).
A Bujinkan se desenvolveu vastamente por causa deste conceito. Está viva por este motivo. Inúmeras escolas de artes marciais clássicas que mantiveram os critérios de avaliação baseados em um conjunto de técnicas, desenvolveram praticantes com uma série de limitações e mente focada em formas. Embora este modelo forme praticantes mais rapidamente pelo seu foco, isto é perigoso em termos de sobrevivência, também por este motivo inúmeras escolas desapareceram. A Bujinkan tenta seguir modelos naturais, como a mãe natureza, desenvolve-se sozinha. Não existe atalho ou completo entendimento, sempre ocorre um processo natural de reavaliação e constante aprendizado de corpo, mente e técnica independente da graduação e título.
Existe uma senso geral de tempo para a graduação em Budō Taijutsu, mas não é uma lei. Algo em torno de 6 meses para cada Kyū e 1 ano para cada Dan. Na verdade, o tempo necessário para a promoção de um praticante varia dependendo de: praticante, escola e instrutor. Durante a avaliação vários pontos são considerados: história do praticante, conhecimento e habilidade técnica, aderência e compreensão a filosofia da arte, respeito as regras, comportamento cotidiano, senso de comunidade, capacidade de liderança entre outros pontos. O coração do praticante é o ponto fundamental Budō Taijutsu.
Dessa forma, Hatsumi Sensei treinou por 15 anos (tempo relativamente curto) com Takamatsu Sensei, e ainda não confortável com seu novo título, passou mais 10 anos treinando ainda de forma anônima. Takamatsu Sensei recebeu seu Menkyo Kaiden de seu tio Toda aos 13 anos de idade, aos 17: Menkyo Kaiden de Takagi Yoshin de Ishitani Sensei, por exemplo. Muitos dos mais antigos Shihan atualmente conhecidos nunca usaram a Faixa Verde, recebendo diretamente o 1º Dan de Hatsumi Sensei (ou de outros instrutores que não estão mais na Bujinkan). Seguindo este modelo antigo de avaliação, onde a confiança por parte do Instrutor transfere cada vez mais responsabilidade ao praticante, o mesmo deve honrar esse compromisso e se dedicar ao seu processo de evolução. Este é um importante motivo para entender porque a graduação não é o processo final, mas, na verdade, o início do processo. Quando somos honrados com uma graduação ou título é muito importante que nos esforcemos ainda mais para realmente alcançá-lo. O desconforto causado pela saída da zona de conforto nos faz colocar o coração no lugar e entender que precisamos ir além para merecer. A graduação é para o coração.
Texto retirado do site: BANPEN FUGYU
Comments